quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

RE » Despertar

Esta noite não dormi.
Não adormeci como o ordinário.
Virei e revirei os lençois.
Estava na calma armoniosa, temperada e afavel da minha cama, qual melhor terapia, mas não conseguia adormecer.

Gostava de poder ter mais noites como esta!

Estava numa espécie de sonolência mórbida profunda, contínua, sem febre nem infecção, o estado intermediário entre o sono e a vigí­lia. A mudança de turno do consciênte com o incosciênte, como quando a Lua e o Sol se cruzam no horizonte em pontos opostos. Aí eu pensei. Pensei muito, como costumo pensar. Mas pensei ainda mais e mais. A razão!

Não adormeci! Despertei!

Eu, muito borguêsamente, estou-me pouco lichando para o que se passa à minha volta. Não sei nada, mas percebo tudo.

Nestes ultimos tempos tenho sido rodeada por nova gente. Pessoas que casualmente são todas partidárias. Pessoas que convivem comigo e com os quais, agora, trabalho. Contra os meus preconceitos não me tenho visto sugada para o núcleo de uma ceita política. Pode ser que me estejam a cozinhar em lume brando, é a melhor maneira de conseguir um refugado bem apurado.

Eu não entro na sertã. Não me ponho no lume. Este despertar leva-me a querer ver mais, saber o que se passa, saber o que é!

Já me pegaram pela mão e me levaram até á porta, indicaram-me o caminho mas assim que me largaram eu deixei de andar. Voltei a deixar desfilar as sombras na minha frente.
O ser humano, por natureza, tem medo do desconhecido. Eu sou humana.

Esta noite não dormi.
Gostava de ter mais noites assim.
Não adorpecer pelo despertar.

Quero ler, ver, saber. Quero explorar. Quero cochear, por já não ter quem me leve pela mão, tenho de cochear. Quero ser.

Eu penso.

Tenho de para que!

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